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Writer's pictureGabriel Toueg

De repente, tudo muda violentamente: um Sete de Outubro no Oriente Médio

Updated: Dec 6, 2023

🗓️ Sete de Outubro.


🇮🇱 Essa é daquelas datas que serão grafadas em maiúsculas, pelo significado além dos números. Israel, país que amo e no qual vivi por 7 anos, foi acordado em meio ao terror do mais cruel, mais vil, mais desumano, bárbaro, objetivando civis de forma indiscriminada, indistinta de religião, gênero, idade, cor, nacionalidade. Não importava se eram soldados em serviço, civis dormindo em casa ou felizes jovens dançando no fim de uma rave no deserto. Três brasileiros foram assassinados. Outros 1,4 mil cidadãos de Israel - e de outros países, também. Há ainda 200+ sequestrados nas mãos do Hamas.


🕯️ A data vai mudar essa geração de israelenses. Certamente muitas coisas mudarão no país, como aumento da paranoia de segurança, aumento do medo, redução da confiança, desconfiança nas IDF... E mais: o atual governo provavelmente vai cair, cabeças da Intel israelense vão rolar, eventualmente se chegará a uma pausa humanitária, um armistício, um cessar-fogo. Mas nada será como no dia 6/10.


🇵🇸 Dois dias após o macabro ataque do Hamas, começou na Faixa de Gaza a insanidade liderada por homens cuja força impõe suas vontades. Mesmo lidando com o luto, com a luta para expulsar os últimos dos 3 mil terroristas que haviam invadido, mesmo ainda sob ataques contínuos de morteiros contra suas cidades, Israel apertou o botão da loucura. Os números de mortos em Gaza não vão demorar para se aproximar aos de Israel. Em poucos dias, já serão mais. Em um mês, estaremos perto de 10 vezes mais, embora os dados vindos do Hamas não possam ser confiados a menos que consigam ser verificados de forma independente. Não importa. Haverá dezenas de milhares de civis, milhares de crianças e adolescentes entre eles, mortos em uma guerra evitável.


💣 O OrMed só é este barril de pólvora porque só conhece a força bruta como a única lógica dos confrontos — olho por olho, dente por dente; mate um meu que um seu morrerá nas minhas mãos, mesmo que eu saiba que isso fará outro dos meus morrer nas suas. Essa lógica precisa ser quebrada.


☮️ Dia desses, num debate on-line, me tentaram convencer que Israel deveria cessar fogo. A princípio discordei, mas de lá pra cá venho pensando e acho que seria sensato — e digno de uma categoria de líderes em que Netanyahu certamente não se encaixa. Talvez Rabin tenha chegado perto de ser esta pessoa, mas acabou com tiros nas costas sem sequer saber que o atirador era um dos seus. Um cessar-fogo quebraria a lógica. Daria folga aos civis palestinos. Traria alguma esperança. E talvez, só talvez, uma mudança.


Antes do cessar-fogo, que ainda poderá acontecer, deveria ter ocorrido algo que só um Rabin seria capaz de promover: afastar o dedo do botão da insanidade e resistir a apertá-lo. Se Israel reagisse com menos força e mais inteligência racional, conseguiria os objetivos propostos sem deixar a destruição que vai deixar. Lembro da época em que aqueles que ameaçavam judeus e israelenses morriam em operações discretas do Mossad.


Os líderes covardes do Hamas que se escondem fora da Faixa de Gaza enquanto assistem à matança dos seus poderiam morrer com um veneno imediato ou um telefone explodindo em sua orelha. Não fariam falta ao mundo, são terroristas capazes de planejar, promover, incitar e mandar para o campo homens dispostos a decapitar bebês, estuprar meninas, arrancar pedaços de corpos, atear fogo em casas com crianças dentro, ameaçar, disparar em pais na frente dos filhos e em filhos na frente dos pais, destruir a vida que Israel conseguiu erguer no pântano e no deserto para ser seu porto seguro.


Nada hoje é seguro. Mais uma vez, como em tantas outras, ao longo de cinco milênios de existência, os judeus sentem que não há lugar em que são desejados ou no qual estarão verdadeiramente seguros.


Li isso:


"Então quer dizer que você quer destruir Israel e que você irá até as últimas consequências para isso? Você mata nossos civis, sacrifica seus próprios palestinos... Acontece que você não é o primeiro a tentar. Conhecemos você. Agora conheça a gente: nós somos feridos, mortos, choramos, ficamos de luto... E aí, lutamos de volta*. Todos lutamos juntos. Você não é o primeiro a tentar".


(*) De todas as mais emocionadas descrições dos horripilantes acontecimentos e dos desdobramentos nos dias seguintes ao ataque do Hamas, os que mais me chamaram a atenção foram aqueles que descreviam a solidariedade que uniu israelenses. Pessoas muito provavelmente com ideologias distintas, religiões diversas, de partes diferentes do país se uniram, largaram o trabalho... e rapidamente organizaram ações de apoio aos civis traumatizados, aos soldados, às crianças órfãs etc. É deste tipo de luta que se fala.


Imagem de capa: AP; imagem ao lado: ilustração de @doronsgallery.

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