Trabalhei durante 4 anos em rádio. Fui correspondente em Israel e territórios palestinos da parisiense RFI (Radio France Internationale), por três anos (julho de 2005 a dezembro de 2007). Eles têm serviços em 19 idiomas, e duas redações em português (Portugal e Brasil). Trabalhei com as duas.
Mais tarde, fui correspondente durante um ano (março de 2008 até esta semana) para o Oriente Médio da Rede Eldorado de Rádio, de São Paulo, pertencente ao Grupo Estado. Só deixei a Eldorado, uma das mais importantes rádios jornalísticas de São Paulo e do Brasil, porque a crise financeira que assola o mundo assim quis.
Rádio é um mundo maravilhoso. É dinâmico, é incisivo, é comprometido com o ouvinte mais que qualquer outro meio. Quando cobri a saída de colonos judeus e tropas israelenses da Faixa de Gaza, meu primeiro trabalho para a RFI, pude contar em boletins de pouco mais de um minuto o drama que eu via de perto, menos de perto do que gostaria, porque não obtive o credenciamento a tempo.
Cobri bem de perto a Segunda Guerra do Líbano, em 2006. Em vez de ficar em Tel Aviv, aluguei um tzimmer (uma espécie de chalé) em um local que ficou famoso depois que um acidente com helicópteros matou algumas dezenas de soldados na década de 1990. Shaar Yashuv fica a três quilômetros da fronteira entre Israel e o Líbano. Lá, conversei com os moradores e ouvi quando um míssil caiu bem perto de nós.
Baseado em Shaar Yashuv, e de carro emprestado, visitei diversas cidades israelenses próximas da fronteira. Estive em Naharya, Haifa (a terceira maior cidade do país), Tzfat, Metula, Rosh Pina, entre outras. O cenário era sempre o mesmo: ruas vazias, tensão no ar, caminhões do corpo de bombeiros indo para o local do último ataque, desespero no rosto das pessoas. Nesse contexto fiz diversas entradas – gravadas e ao vivo – na RFI.
Cobri eventos menos dramáticos, mas nem por isso menos importantes. Eleições em Israel e na Autoridade Palestina não faltaram. Foi uma época de crises políticas nos dois lados do conflito que vem rolando há décadas.
Para a Eldorado cobri outra guerra. A “Operação Chumbo Derretido”, como ficou conhecido o conflito entre Israel e o Hamas, foi uma meia guerra para os jornalistas. Até agora o Exército não permite a entrada de repórteres no território palestino. Teve sorte quem já estava lá e ficou para cobrir. Quando terminar, provavelmente poderemos ir.
Mas eu já não estarei com a Eldorado. Comecei recentemente a trabalhar para o Terra, portal de notícias dos mais importantes no Brasil. Sou jornalista de web, agora, mas sempre tive a sensação de que o rádio é mais veloz, ainda mais veloz do que a internet. O texto para a web precisa ser escrito, e isso exige um mínimo de tempo. No rádio, vale o improviso, o relatar com a voz o que os olhos vêem. Espero voltar logo para o rádio. É mesmo um mundo delicioso.
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