Em 2011, quando produzimos no Estadão.com.br um especial sobre o 11 de Setembro (o de 2001, quando os EUA foram atacados pela Al-Qaeda), passou pelas nossas mãos um estudo que dizia que mesmo pessoas com problemas sérios de memória ou com falhas físicas nesse campo poderiam se lembrar do que estavam fazendo naquela terça-feira em que Nova York mudou de cara, perdendo um de seus principais cartões postais, o World Trade Center. Não achei o tal estudo, que pensei termos publicado.
Por isso, perguntei no meu Facebook: Onde você estava há 12 anos? As histórias são muitas – e detalhadas.
Eu estava a caminho da redação. Na época, com meus 22 anos, trabalhava no PrimaPagina, site que, na época, fazia o que eu acho que os jornais deveriam estar fazendo hoje em dia: análises minuciosas e bem escritas, por especialistas em assuntos estratégicos. Eu ainda não conhecia o Oriente Médio mas escrevia sobre a região – despertando meu interesse que, poucos anos depois, me levaria para lá. Estava no ônibus, atrasado, quando recebi um telefonema do meu pai no meu celular-tijolo:
– Houve um acidente horrível nos Estados Unidos.
Depois de alguns minutos, ele me ligou de novo, da frente da televisão. Não se tratava de um acidente. Outro avião havia se chocado contra o segundo prédio, e os dois ainda estavam de pé. Desci do ônibus, atrasado que estava, e tomei outro rumo: o Consulado dos EUA em São Paulo, que naquela época ainda ficava nos Jardins (hoje fica bem mais longe da região central, na Zona Sul da cidade).
Eu havia estado inúmeras vezes, nas semanas anteriores, na fila para obter o visto americano, porque tinha sido convidado para participar de um evento na Pensilvânia (com o visto, eu teria provavelmente presenciado o ataque em Nova York). Sabia muito bem o caminho até lá e, mesmo contrariando meu chefe, na época (que já estava puto com o atraso e ficou ainda mais com minha teimosia!), fui para a representação americana.
Não deu em absolutamente nada. Havia apenas uma pequena multidão de jornalistas enlouquecidos, como eu, esperando alguma resposta que não viria do lado de dentro dos portões, agora fechados, do Consulado.
Com as mãos abanando, tomei um táxi e fui para a redação. Trabalhamos até bem tarde aquele dia em que o mundo começava a tomar outra forma.
Outros 911. O 11 de Setembro, entretanto, não é data apenas dos EUA. Vários outros eventos importantes aconteceram na data que ficou famosa em 2001, como o golpe de Estado no Chile, que tirou Salvador Allende do poder. O Canal da Imprensa, veículo de crítica de mídia feito por alunos de jornalismo do Unasp, onde fiz palestra na segunda-feira, preparou um especial sobre o assunto – os vários 11/9. Destaco um perfil da jornalista Dorrit Harazim, que teve a “sorte” de estar em Nova York em 2001 e em Santiago em 1973.
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