Em 1977 corria o boato de que a escritora Clarice Lispector não daria mais entrevistas. Mesmo assim, o biógrafo e também escritor José Castello, que trabalhava na época no jornal “O Globo“, telefona e consegue marcar um encontro, sendo recebido após muitas idas e vindas.
Travam então o seguinte diálogo:
Castello: Por que você escreve?
Clarice: Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?
Castello: Por que bebo água? Porque tenho sede.
Clarice: Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva.
Dela, ainda:
Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada… Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro…
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