O ex-presidente israelense Moshe Katzav foi
sentenciado hoje a sete anos de prisão por estupro e outros crimes sexuais cometidos quando ainda estava no cargo. O longo processo, que começou há seis anos, termina com a condenação, mas teve episódios que valem ser relembrados.
Um dos mais impressionantes foi uma coletiva que ele convocou, em janeiro de 2007, para dar a versão deles dos fatos e atacar a imprensa pelo que ele chamou de “caça às bruxas”. Eu estava lá, fazendo a cobertura para a RFI. O discurso, que encerrava seis meses de silêncio, se transformou em uma encenação de gritos e caretas condenada pela imprensa e pelo público.
Veja a matéria do Canal 2, o mais atacado por Katzav na ocasião (em hebraico):
No momento em que ele perde a paciência com o âncora do Canal 2, Gadi Sukenik (a partir de 2:35 no vídeo acima), eu estava por acaso gravando em vídeo. Ficou assim:
Meses antes, quando Katzav foi acusado por estupro e por uso indevido de dinheiro público, ele decidiu não aparecer na cerimônia de abertura do Parlamento ao saber que deputados fariam uma manifestação contra ele. Falou-se até em impeachment, o que nunca ocorreu.
Da RFI: Presidente de Israel acusado de estupro (Gabriel Toueg, Radio France Internationale, 16out2006, com áudio)
Por ocorrer envolvendo um presidente – cargo decorativo mas de muita respeitabilidade em Israel – o caso gerou muita comoção pública e atenção até exagerada da imprensa local.
Condenação. Mais que mostrar que a lei em Israel funciona de igual maneira para todos – esta é a primeira vez que um ex-presidente é mandado para a prisão no país – a condenação serve para coibir crimes sexuais, que se tornaram comuns durante muitos anos na sociedade israelense.
A lei por lá é muito dura com relação ao assédio sexual. O fato de que homens e mulheres servem no Exército favorece a ocorrência desse tipo de infração.
A condenação de Katzav, que, claro, não é a primeira do tipo no país, mas faz dele a mais importante autoridade enviada para a cadeia, manda uma mensagem aos que abusam da autoridade para conseguir favores sexuais, principalmente (mas não apenas) entre homens com cargos de chefia e mulheres funcionárias, tanto no Exército e a política como no setor privado.
Esse foi o caso de Katzav. As acusações de estupro contra ele são anteriores à presidência, mas dois outros crimes foram cometidos quando ele já estava no cargo, onde ficou entre 2000 e 2007.
Katzav, aliás, derrubou em 1999 o concorrente Shimon Peres (atual presidente) nas eleições para o cargo. Hoje, Peres comentou sobre a decisão da Justiça:
Este é um dia triste, mas somos todos iguais perante a lei
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