Minha análise publicada hoje no Metro Jornal, acompanhando a matéria sobre o ataque de palestinos a uma sinagoga em Jerusalém que deixou cinco mortos, ontem.
Já existe uma discussão acerca da nomenclatura que será adotada para as ações violentas de palestinos contra israelenses nas últimas semanas. Mais importante do que o nome que se dará, se intifada ou não, é entender o fenômeno e o que está ocorrendo.
Embora alguns dos ataques a facas, atropelamentos e, nesta terça, o tiroteio contra frequentadores de uma sinagoga de Jerusalém, tenham sido assumidos por grupos palestinos, eles parecem ser ações isoladas de indivíduos frustrados com a condição de vida e a insistente expansão de colônias judaicas pelo governo de Israel.
O ataque contra a sinagoga foi realizado por dois palestinos, e a FPLP se apressou para assumir a autoria, embora não tenha deixado claro se partiu dela a ordem para atacar.
As intifadas anteriores tiveram importantes diferenças. Em 1987, após a morte de um palestino na Faixa de Gaza, houve um movimento espontâneo de jovens ativistas atirando pedras contra soldados israelenses.
Em 2000, após a visita do então premiê Ariel Sharon, de Israel, à Esplanada das Mesquitas, o mesmo local em Jerusalém que tem sido foco e motivo de protestos violentos, uma onda de ataques terroristas suicidas se desencadeou no país. A visita de Sharon foi um pretexto, ficou provado depois.
Ambas aconteceram antes da Primavera Árabe, quando o povo de países da região foi às ruas para pedir democracia. O exemplo pode motivar uma nova intifada e pedidos por autonomia política.
Uma coisa é certa: com o nome que tiverem, esses ataques devem continuar. Só não se sabe ainda que uso político Israel, o Hamas e Abbas vão fazer deles. (Foto: KOBI GIDEON/GPO/AFP)
Publicado originalmente no Metro de 19.nov.2014 à pág. 18 (clique abaixo para acessar a versão PDF ou leia na versão web). Sobre a foto, leia, no jornal O Globo, Governo de Israel aposta em imagens chocantes para conquistar apoio externo.
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