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Writer's pictureGabriel Toueg

Essa menina síria tem 8 anos e foi eleita uma das influenciadoras de 2017

Ela tem apenas oito anos mas já tem perfil no Twitter, com milhares de seguidores, página no Facebook, aparece na Wikipedia em cinco idiomas (farsi, francês, inglês, japonês e português) e está prestes a publicar um livro de memórias, cujo título, em tradução livre, será “Querido mundo“. Infelizmente, não serão memórias felizes. A garotinha síria Bana Alabed, que ficou conhecida ao contar para o mundo, na internet, os horrores da guerra civil em sua cidade, Aleppo, foi eleita pela revista Time como uma das 25 pessoas mais influentes da internet em 2017.

My name is Bana, I’m 7 years old. I am talking to the world now live from East #Aleppo. This is my last moment to either live or die. – Bana — Bana Alabed (@AlabedBana) December 13, 2016

A Time apresentou assim a menina ao justificar a escolha para sua lista anual de influenciadores, que tem Donald Trump, Katy Perry, Kim Kardashian, Rihanna e J.K. Rowling: “Quando uma menina de 7 anos tuíta que está com medo de morrer em um ataque a bomba, o mundo presta atenção. E assim foi com Alabed, cujos despachos diários do leste de Aleppo, tomada por rebeldes (‘bombas caindo agora como chuva’, ‘meus irmãos estão muito assustados e eu não quero isso’), aumentaram a consciência sobre os horrores da guerra civil na Síria em tempos em que poucos jornalistas conseguem ter acesso à região“.

Bana retratada na lista anual da revista Time (Foto: Adem Altan/AFP/Getty Images)


A pequena Bana faz as postagens com a ajuda da mãe dela, Fatemah Alabed, que fala inglês. Em uma das mensagens da menina, ela pede, com a meiguice de qualquer criança, atenção do mundo ao tema dos refugiados, como ela (atualmente Bana vive com a família na Turquia, depois de receber a cidadania de um demagogo Erdogan): “Quero lembrar vocês sobre os milhões de refugiados no mundo hoje. Pense sobre eles, eles não têm casa, hospital, trabalho, nada”. Assista:

Help the refugees. No one should be a refugee. #WorldRefugeeDay. pic.twitter.com/2AEsVsrc7k — Bana Alabed (@AlabedBana) June 20, 2017

Bana é mais uma das crianças sírias vítimas dessa guerra interminável. Li por aí que ela chegou a ser chamada de “Anne Frank de Aleppo”, em referência à menina judia cujo diário contando a perseguição nazista virou best seller no mundo. Mas ela não é a primeira. Em agosto do ano passado a pequena Rouwaida Hanoun, então com 5 anos, foi comparada à menina judia por um jornalista do New York Times, que escreveu que, naquele dia, Anne Frank era uma menina síria.

O destino das várias Annes Franks tem sido trágico – a original, nascida na Alemanha e escondida por meses em uma casa de uma família holandesa, morreu aos 15 anos depois de ser encontrada pelos nazistas e deportada para Auschwitz. Rouwaida, que aparecia poeirenta e ensanguentada numa foto após um ataque, ganhou alguma notoriedade (e depois foi esquecida) justamente pela trágica cena.

Agora Bana Alabed pede um destino diferente para as crianças sírias. Ouso compará-la não com Anne Frank, mas com Malala Yousafzai, cuja determinação e coragem lhe custaram caro mas geraram a consciência sobre a ameaça taleban no Paquistão. Que o mundo preste a mesma atenção à pequena Bana.

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