Há toda uma geração de jornalistas que me inspiraram a escolher essa profissão, quando eu só tinha 12 anos. Glória Maria (15.ago.1949 – 2.fev.2023) não sabe e jamais saberá, mas ela faz parte desse timaço ao lado de nomes de muitos colegas que já se foram. Hoje, Glória se foi e mereceu todos os aplausos que receberá nos próximos dias.
Minhas lembranças de Glória Maria Matta da Silva são muito antigas. Na minha infância, lembro de suas fantásticas reportagens, algumas muito engraçadas, em que ela se jogava de coração em aventuras que poucos jornalistas topariam! Era uma musa para quem sonhava em ser jornalista e fazer coisas parecidas.
Revendo as imagens que estão sendo veiculadas por ocasião da morte de Glória, lembrei de quando ela atravessou um guindaste nas alturas, entre o medo e risadas de desespero!
Ela também atravessou gerações.
Atravessou momentos diversos da nossa história, foi ameaçada pela Ditadura Militar, foi alvo de racismo. Também atravessou programas, cargos, foi repórter, apresentadora, esteve na maior parte dos telejornais da Globo. Fez a primeira entrada a cores na TV, em 1971.
Sou apaixonado pelas retrospectivas que a Globo apresenta no fim de cada ano. Já fazia algum tempo que Glória dividia a apresentação com Sandra Annenberg. Sua voz inconfundível trazia à lembrança os acontecimentos do ano que se encerrava.
Glória Maria ganhou beijo de Michael Jackson, entrevistou um Mick Jagger que não desgrudava os olhos dela, conversou com Madonna, Fred Mercury lhe apertou a bochecha, Elton John também lhe concedeu entrevista, fez perguntas a Harrison Ford... e viajou, viajou o mundo, todo o mundo, por todo lado, mostrou o mundo para o brasileiro.
Glória contou muitas histórias, fez parte da nossa história, fez parte da História. Ela foi história. Inspirou mais gente do que pode imaginar
Que descanse em paz.
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