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  • Writer's pictureGabriel Toueg

Henry Sobel, rabino brasileiro nascido em Portugal (1944–2019)

Updated: Jan 24

“Eu sou seu amigo, amigo dos seus pais, amigo dos pais dos seus pais” -- Henry Sobel

Era assim, num sotaque que talvez nunca saibamos se era de ator ou de personagem, que o querido Henry Sobel (9.jan.1944 – 22.nov.2019) se dirigia aos frequentadores da Congregação Israelita Paulista, a CIP, sinagoga e instituição que, graças e ele, em grande parte, virou sinônimo e referência de judaísmo no Brasil. Durante alguns anos, fui um desses frequentadores e grande parte da minha “vida judaica” foi permeada pelos ensinamentos dele num portunhês característico.

Hoje, aos 75 anos, Sobel se foi, vítima de um câncer de pulmão. Ele vivia em Miami, nos EUA, que não era sua terra natal (ele nasceu em Portugal), mas para onde sua família se mudou quando ele era ainda criança e para onde voltou depois de se aposentar — e de um episódio que ameaçou manchar sua trajetória.


Vlado em imagem divulgada pela ditadura militar brasileira

Sobel, porém, não era só aquele personagem caricato, amigo de todo mundo e dos pais de todo mundo, com os cabelos loiros rock’n’roll e a kipá aveludada que parecia sempre estar deliberadamente fora do lugar, meio que como uma boina.


Ele foi uma forte e gritante voz judaica num dos mais tristes e assustadores episódios da recente história brasileira, quando o jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, foi morto pela ditadura militar e dado pelo regime como suicida.

Ato ecumênico

Sobel enfrentou a versão oficial, organizou com outros líderes religiosos um ato ecumênico na Catedral da Sé que foi um ponto de virada na ditadura. E, como rabino, se negou a enterrar Vlado na área do cemitério judaico reservada aos suicidas, como é tradicional.


Descanse em paz, amigo.


Versão editada e ampliada de texto publicado originalmente no Instagram. Foto de capa: Governo do Estado de São Paulo/BBC)

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