O jornal espanhol El País publicou um texto em que apresenta “a dança dos números de mortos na Síria“. Esse duro e duradouro conflito, que começou há quase seis anos, já fez tantas vítimas que, como o jornal comenta, a ONU deixou anos atrás de fazer a contagem que mantinha. Por isso, o que há hoje é uma mistura de especulação com fontes nem sempre confiáveis e com métodos diferentes de aferir uma cifra.
A disparidade entre as fontes e suas próprias contradições revelam carências. O Observatório (Sírio de Direitos Humanos) atualiza os dados a partir dos balanços de regiões sob controle rebelde, mas não tem números dos civis que morrem em zonas controladas pelo governo por culpa dos ataques rebeldes. — El País
O número mais recente beira os 312 mil mortos. Desses, 149 mil seriam civis. Desses, 16 mil seriam crianças. Os dados são do Observatório Sírio de Direitos Humanos, divulgados ontem (13/12) – o título é misleading mas no texto está a informação e o detalhamento sobre as vítimas. Na contagem mais recente da ONU, do final de 2014, o número já ultrapassava 250 mil mortos. Em fevereiro o Centro Sírio de Estudos Políticos (SCPR) dizia que os mortos eram mais de 470 mil. Quase meio milhão de pessoas. Citado pelo Guardian, o SCPR falava em 11,5% da população síria morta ou ferida (os feridos eram quase 2 milhões) e em 45% dos sírios deslocados em função do conflito.
O Centro de Documentação sobre Violações na Síria desdobra os números para contar a história de como essas pessoas morreram. A maioria, mais de 56 mil, foi morta a tiros. Em seguida, bombardeios – terrestres (33 mil) e aéreos (29 mil) – são as maiores razões. E a lista é longa: execuções (9,5 mil), prisões seguidas de tortura (6,7 mil), explosões (4,3 mil), sequestros seguidos de execuções (2 mil), gases tóxicos (1,1 mil), prisões ou sequestros seguidos de tortura e de execução (900), prisões seguidas de execuções (875), sequestros seguidos de tortura (175). Outros 211 morreram porque a atenção médica foi barrada. Há 1,2 mil listados sob “outras razões” e 126 sob “razão desconhecida”.
Refugiados
Outra face da guerra é a dos refugiados, tema que virou crise mundial. O mesmo El País apresenta um gráfico, com dados do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) que mostra o tamanho do drama. Em 2011, ano em que a guerra civil na Síria começou, havia 8 mil refugiados sírios registrados pelo Acnur em países como Egito, Iraque, Jordânia, Líbano, Turquia e no norte da África. O número hoje é impressionante: beira os 5 milhões.
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O menino da capa é Omran Daqneesh. A foto rodou o mundo este ano ao mostrar o garotinho atordoado, ferido e coberto de sangue e de poeira após um ataque em que um irmão dele foi morto. Era apenas uma das cruéis faces dessa guerra que parece só chamar atenção quando uma foto como a de Omran viraliza. Como eu escrevi em agosto, nada muda. Nada mudou.
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