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Writer's pictureGabriel Toueg

Terceira intifada à vista

Alguns amigos em Israel fazem piada do fato de que, sempre que me afasto do país, algo grandioso ocorre por lá, em geral me obrigando a voltar. Foi assim por várias vezes desde que eu me mudei para Jerusalém, em 2004. Nesse período houve escaladas de violência dos dois lados, o ataque que deixou o ex-premiê Sharon em coma, a eleição do Hamas, entre outros “eventos”.

Não poderia ser diferente desta vez. Estou há pouco mais de três semanas no Brasil, e hoje um atentado em Jerusalém matou um e deixou 40 feridos. Embora tenha sido o evento mais noticiado sobre Israel nos últimos dias, não foi o primeiro sinal de que as coisas podem piorar significativamente por lá.

Apenas na última semana houve o ataque à família em Itamar (um assentamento judaico) em que cinco pessoas de uma mesma família foram mortas. Houve ataques aéreos de Israel que mataram diversas pessoas na Faixa de Gaza.

Fala-se tranquilamente na possibilidade de que ocorra uma terceira intifada. O ataque de hoje, em uma modalidade diferenciada – bomba deixada em mochila em vez de atentado suicida – pode ser uma nova estratégia palestina, depois que a construção do muro dificultou as infiltrações – um mesmo sujeito, já infiltrado ou até cidadão, pode fazer vários ataques.

A terceira intifada, aliás, pode acontecer motivada pela onda das revoltas no mundo árabe, tendo também como ferramentas essenciais os blogs, o Twitter e o Facebook. Uma página com mais de 260 mil “likes” já marcou até data para o levante: 15 de maio. No Twitter, com apenas dois tweets, tem mais de 1,7 mil seguidores.

Venho dizendo que uma marcha pacífica e desarmada de palestinos em direção a Jerusalém poderia pegar Israel de surpresa. Arafat já prometia isso nos anos 1990. Nunca ocorreu. Com o sucesso dos protestos na Tunísia e no Egito, os palestinos podem querer se organizar nos mesmos moldes.

Seria uma “intifada branca”, como disse o Nahum Sirotsky em uma conversa que tivemos há um mês em Tel Aviv. Ela poderia ser mais nociva para Israel que uma revolta palestina armada, seja de suicidas, seja de mochilas-bomba, apesar da aparente contradição. E bem mais producente para os palestinos.

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